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–       Pepe Brix, fotojornalista e aventureiro que embarcou três meses num dos últimos bacalhoeiros portugueses, edita em livro trabalho de homenagem aos heróis portugueses da pesca do bacalhau

–       Lançamento tem o apoio da Riberalves e as vendas revertem a favor da AMI – Assistência Médica Internacional

 

Torres Vedras, 1 de Dezembro de 2015

 

Nas décadas de 50 e 60 do século passado, no auge da frota bacalhoeira portuguesa, o país tinha cerca de 80 navios e 4800 pescadores na pesca do bacalhau nos mares do Norte. As campanhas eram marcadas por uma dureza extrema – os portugueses ainda faziam pesca à linha nos míticos e pequenos Dóris – e em cada viagem de seis meses as fatalidades impediam que em média 10 pescadores regressassem. A história repetia-se todos os anos.

O primeiro documento que coloca portugueses na pesca do bacalhau tem mais de 500 anos e, de certo modo, foi graças à coragem destes homens que Portugal se tornou o maior consumidor mundial de bacalhau – 7 Kg per capita. Ainda assim, poucos serão os consumidores que têm noção do que foi, ou do que ainda é, a pesca do bacalhau. Em 1952, suspeitando da actividade verdadeiramente épica em causa, o aventureiro e repórter australiano Alan Villiers embarcou num dos lugres bacalhoeiros nacionais – o Argus – e assim produziu, para a National Geographic, o primeiro relato e as primeiras fotografias que surpreenderam o Mundo. Dessa campanha resultaria também o livro A Campanha do Argus, que acabaria por tornar-se um documento icónico da pesca do bacalhau.

De 1952 para cá, a evolução foi considerável. Acabou a pesca à linha nos dóris, chegaram os arrastões e as Zonas Económicas Exclusivas, e Portugal tornou-se um país essencialmente importador de bacalhau. Hoje existem no país apenas 10 barcos dedicados ao “Fiel Amigo”. Mas existe um factor comum: a dureza ainda extrema desta actividade enfrentada pelos pescadores portugueses. E foi precisamente essa dureza que o fotojornalista e aventureiro açoreano, Pepe Brix, foi fotografar ao longo de três meses embarcado como… Observador de Pesca (fez uma formação específica para poder integrar a tripulação) num dos últimos bacalhoeiros portugueses, o “Joana Princesa”.

Da aventura de Pepe Brix resultou um portfólio fotográfico extraordinário. Não deixa de ser curioso que parte desse portfólio, tal como o de Alan Villiers em 1952, tenha sido publicado na National Geographic, agora na edição portuguesa. O trabalho, que o autor começou por designar de Código Postal: A2053N (a matrícula do navio “Joana Princesa”) transformou-se também numa exposição fotográfica que tem andado pelo Continente e Ilhas; e depois da exposição nasce finalmente o livro, que surge como uma resposta a um desafio colocado pela Riberalves: celebrar a pesca do bacalhau com o lançamento de uma homenagem aos Heróis Portugueses da Pesca do Bacalhau. O desafio foi aceite e a obra “Os Últimos Heróis” foi lançada nas livrarias no início desta semana.

“Este ano a Riberalves comemora o 30º aniversário, mas mais do que celebrar os 30 anos da nossa empresa queremos celebrar a pesca do bacalhau e toda a incrível história associada. Acreditamos que este trabalho do Pepe Brix é um documento extraordinário que ajuda a fixar a memória em torno de uma actividade épica e nem por isso conhecida dos portugueses. Temos uma honra imensa em participar nesta homenagem aos heróis portugueses da pesca do bacalhau e só podemos agradecer o entusiasmo de todos os envolvidos, desde o Pepe Brix à editora Matéria Prima. Obrigado.”, afirma Ricardo Alves, administrador da Riberalves.

“Quando me dizem que foi preciso muito coragem para embarcar três meses nesta aventura, a minha resposta é sempre a mesma: coragem têm os pescadores que se lançam de facto naquela vida, e a ela regressam todos os anos. Foi um privilégio poder fotografá-los e, agora, lançar-lhes esta homenagem em forma de livro. Se é que existe uma grande herança cultural e gastronómica em torno do consumo do bacalhau no nosso país, tal deve-se à coragem destes homens, que nos trazem o Fiel Amigo. Quando a Riberalves me desafiou a colocar este trabalho num livro, partilhando esta homenagem com todos os portugueses, naturalmente só podia dizer que sim. É uma honra e também só posso dizer obrigado, à Riberalves e a todos os que me apoiaram neste processo.”, afirma Pepe Brix.

Empresa que mais bacalhau processa em todo o Mundo (30 mil toneladas/ano), líder nacional presente e marca presente em mais de 20 países (40% da produção segue para mercados externos), a Riberalves é uma empresa 100% familiar, fundada por João Alves. Em criança, quando João Alves acompanhava o seu pai da venda de bacalhau porta a porta pelas ruas da baixa de Lisboa, o bacalhau consumido no país era pescado maioritariamente por barcos nacionais. Hoje a quota de pesca de bacalhau reservada aos portugueses daria apenas para cerca de 5% do consumo interno (65 mil toneladas anuais). Subsistem apenas 10 navios, a bordo dos quais os últimos pescadores portugueses do bacalhau navegam para campanhas de três e quatro meses, aprisionados em gigantes metálicos perdidos no mar, contando os dias para um regresso às famílias. São estes heróis que Pepe Brix desvenda – os herdeiros da coragem e de uma epopeia com séculos; se existem registos de pesca do bacalhau nos primeiros anos de 1500, também é legítimo supor que os pescadores portugueses lá chegaram antes.

Com prefácio da ex-Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, o livro “Os Últimos Heróis” é uma obra fotográfica de actualidade, com um capítulo inicial que apresenta um enquadramento histórico assinado pelo escritor Paulo Ramalho, ilustrado com fotos icónicas cedidas pelo Museu Marítimo de Ílhavo. Uma percentagem das vendas deste livro reverte para a AMI – Assistência Médica Internacional. A obra teve uma primeira apresentação na Fnac do Chiado, em Lisboa, esta segunda-feira. Seguem-se apresentações esta terça-feira, no Museu Marítimo de Ílhavo e na Fnac Norte Shopping, em Matosinhos.

 

Sobre Pepe Brix

Nasceu nos Açores. Aventureiro, fotojornalista e empreendedor de 30 anos, tem trabalho assinado e publicado decorrente de viagens pelos Estados Unidos, Índia, Nepal, América do Sul, Europa Central e de Leste. Já depois da aventura a bordo de um dos últimos bacalhoeiros nacionais, documentando a actividade heróica dos últimos pescadores portugueses na pesca do bacalhau, integrou e fotografou a expedição de moto Lisboa-Pequim-Lisboa, realizada em 2015.

Sobre Paulo Ramalho

Nasceu em 1960 e vive nos Açores. Antropólogo de formação, tem-se dedicado à produção literária, científica e poética. O Outro Lado da Ilha marcou recentemente a sua estreia no romance.

Sobre a Riberalves

A Riberalves é uma empresa 100% nacional, referência Mundial na transformação de bacalhau, produzindo 30 mil toneladas/ano. Fundada em 1985,  a Riberalves focou a actividade exclusivamente no sector do bacalhau a partir de 1990, com a inauguração da primeira fábrica, em Torres Vedras. A partir de 2003, graças ao investimento numa nova unidade industrial na Moita, hoje a maior fábrica mundial de transformação de bacalhau, a Riberalves estendeu a capacidade produtiva em 60% e tornou-se referência no desenvolvimento de um novo produto, capaz de responder às novas tendências de consumo: o Bacalhau Pronto a Cozinhar. Com uma facturação a rondar os 150 milhões de euros e exportações que valem 40% das vendas, a Riberalves é referência num grupo que integra ainda as empresas NovoDia Cafés, AdegaMãe (investimento de 5 milhões de euros na produção de vinhos e enoturismo) e Riberalves Imobiliária.