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Carlos Sousa e Miguel Ramalho foram a grande surpresa da etapa inaugural do Dakar 2014. A dupla portuguesa da Great Wall Motors garantiu o melhor tempo à geral na categoria automóvel, cumprindo os 180 km da primeira especial em 2h20m36s. Um arranque de sonho para Carlos Sousa, que garante assim a sua sexta vitória da carreira em etapas e repete os feitos de 2000 e 2007, quando também venceu na abertura do maior e mais difícil rali do Mundo. Inédito só mesmo o facto de uma viatura inscrita por um construtor chinês liderar pela primeira vez um Dakar… ainda que por intermédio de uma dupla 100 por cento portuguesa.

Melhor era, de facto, impossível… Surpreendendo tudo e todos, Carlos Sousa e Miguel Ramalho protagonizaram este domingo um arranque de sonho na 36ª edição do Dakar, garantindo o melhor tempo na especial de abertura do maior e mais difícil rali do mundo e onde à partida desta edição se apresentaram 441 concorrentes, 147 dos quais a competir na categoria automóvel.

Para além de garantirem o melhor resultado de sempre de um construtor automóvel chinês na prova, que lidera à geral pela primeira vez, Carlos Sousa e Miguel Ramalho colocaram-se pela primeira vez na frente da classificação de uma edição sul-americana do Dakar.

Para o piloto português, que cumpre este ano a sua 15ª participação na prova – onde só por uma vez desistiu –, este foi já a sua sexta vitória em etapas do Dakar, após os duplos sucessos em 2000 (1ª e 6ª etapas), 2001 (16ª e 19ª etapas) e, mais recentemente, na especial de abertura do Lisboa-Dakar de 2007. Já para Miguel Ramalho, que há um ano passou a fazer dupla com Carlos Sousa na equipa Great Wall Motors, esta foi a sua primeira vitória num Dakar como navegador.

“É fantástico, não estava nada à espera. Sabemos as limitações que temos e estava longe de imaginar que pudéssemos ganhar. É um resultado que nos abre excelentes perspetivas para o muito que ainda resta neste Dakar, apesar de os nossos objetivos permanecerem intactos. Foi um ótimo e inesperado início, mas há ainda muito Dakar pela frente e vamos continuar focados em lutar por um lugar no top-10 à chegada a Valparaíso, no próximo dia 18 de janeiro. Para já, vamos saborear esta vitória e aproveitar o facto de estarmos na liderança da prova… Não é a primeira vez que isso acontece, mas não deixa de ser significativo consegui-lo com uma equipa chinesa e com um carro que, apesar das suas recentes evoluções, tem já seis anos de idade. É um feito, sem dúvida”, afirmou Carlos Sousa à chegada à sua assistência, em San Luís.

Sétima equipa a largar para esta tirada inaugural, numa extensão total de 809 km, em plena região de Córdoba, Carlos Sousa e Miguel Ramalho cedo mostram ao que vinha, chegando a CP1 (km 28,7) em sexto da geral, mas cedendo pouco mais de meio minuto para os mais rápidos, na altura a Toyota do sul-africano Leeroy Poulter.

Contudo, já aí a dupla portuguesa surpreendia pelo andamento imposto, batendo-se com os MINI de Joan Roma, Stéphane Peterhansel ou Orlando Terranova e colocando-se já à frente de nomes como Nasser Al-Attiyah ou Carlos Sainz.

Contudo, o melhor estava ainda para vir com Carlos Sousa a conseguir superar toda a armada MINI (são nada menos do que 11 este ano!) na parte final da especial de 180 km, que completou em 2h20m36s, batendo o argentino Orlando Terranova (acompanhado do português Paulo Fiuza) por escassos 11 segundos de diferença no final, enquanto Nasser Al-Attiyah fechou o pódio a 47s do português.

A sublinhar a boa forma dos carros inscritos pela Great Wall Motors, registe-se ainda o 8º lugar do francês Christian Lavieille, que este ano substitui o chinês Zhou Young no segundo Haval da equipa.

“Para primeiro dia, não está mesmo nada mal. Era uma etapa que já fiz no passado, muito rápida e sinuosa, a fazer lembrar uma especial do Mundial de Ralis. Andámos muito bem, mas os últimos 30 km foram extremamente penosos, porque tivemos um problema com a refrigeração do habitáculo e quase não conseguíamos respirar… Sem ar condicionado, o calor tornou-se insuportável e quebramos fisicamente na parte final. Enfim, nunca é fácil entrar no ritmo logo na primeira etapa, sobretudo após tantos meses sem competir. Será difícil segurar este primeiro lugar na etapa de amanhã, que será muito rápido e muito ao jeito dos buggies. Mas claro que este resultado é um excelente tónico para enfrentarmos as restantes etapas deste Dakar”, completou Carlos Sousa no final de um dia histórico para os chineses da Great Wall Motors.

PRIMEIRAS DUNAS AO SEGUNDO DIA

Amanhã, segunda-feira, os concorrentes rumam ao ponto mais a sul deste Dakar, numa etapa que ligará San Luis a San Rafael, numa distância total de 798 km. De acordo com a Organização, esta será uma das especiais mais rápidas de todo o Dakar. Os 433 km de percurso cronometrado incluem já o primeiro trecho de dunas – as dunas cinzentas do Nihuil – nos derradeiros 100 km da especial. Apesar de se tratar de uma passagem por areia firme, a etapa constituirá um primeiro teste à pilotagem e fiabilidade dos carros.

 

CLASSIFICAÇÃO – APÓS ETAPA 1

 

1º SOUSA/RAMALHO (SUV HAVAL), 2h20m36s

2º Terranova/Fiuza (MINI), + 11s

3º Al-Attiyah/Cruz (MINI), + 47s

4º Roma/Perin (MINI), + 1m15s

5º Sainz/Gotschalk (SMG), + 4m03s

6º Peterhansel/Cottret (MINI), + 4m21s

7º Holowczyc/Zhiltsov (MINI), + 4m21s

8º Lavieille/Garcin (SUV HAVAL), + 5m42s

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